
Essa carta é para todas as futuras senhoras e também para aquelas que já escolheram o caminho matrimonial. Não é um guia, nem uma lista de conselhos. É apenas um desabafo que surgiu em um momento simples, enquanto lavava a louça e conversava com Deus.
Por mais que a gente se prepare, leia, escute histórias e tente antecipar desafios, é no convívio diário que o casamento acontece de verdade. Casei no final de 2024 e, como boa planejadora, já comecei a estruturar os objetivos de 2025. Minha mente de organização e startup entrou em ação, transformei nossa vida em OKRs, defini metas e, nos momentos de conversa, fazia quase um “1:1” com meu marido, analisando evolução e ajustes.
O pedido de socorro em meio às louças
Foi então que percebi que estava levando para o casamento uma mentalidade de empresa e que algumas coisas simplesmente não encaixavam. Escolhi cinco objetivos que pareciam fundamentais para essa nova fase:
🌿 Ser valorizada
🌿 Ser leve
🌿 Ser exibida
🌿 Colecionar momentos
🌿 Ter uma vida singular
Mas mesmo com toda essa clareza, me vi ali, na cozinha, chorando compulsivamente enquanto dizia para Deus: “Eu não sei ser leve no relacionamento. Me ajuda.”
Para quem me conhece, sabe que sou a do checklist, dos passos a passo e das estratégias. Mas leveza não se encaixa em um plano. Minutos depois, meu marido entrou, percebeu meu cansaço, me abraçou e disse que ia me ajudar. Eu não expliquei nada, só queria que aquela conversa ficasse entre mim e Deus. Mais tarde, ele perguntou sobre o meu dia e orou por nós. Foi ali que entendi que ser leve não é sobre fazer menos, mas sobre permitir que o outro faça no tempo e na medida que ele tem a oferecer.
Casamento não é OKR. Casamento é olhar para frente juntos, decidir para onde queremos ir e como queremos construir essa história. Sempre ouvi que uma mulher sábia edifica o lar, mas só agora entendi que edificar não é fazer tudo, cobrar tudo, controlar tudo. É plantar, cuidar e orar. Algumas coisas não precisam ser divididas com ninguém além de Deus.
Aprendi a nunca sair de casa sem RG para não morrer como indigente. Aprendi a não depender de homens. Mas agora estou aprendendo a não carregar tudo sozinha quando tenho alguém ao meu lado. Leveza não vem da noite para o dia. Mesa posta, maquiagem e flores fazem parte da estética, mas é na leitura, na aplicação da Palavra e nas decisões diárias que ela se torna real.
No livro Amor e Respeito, o autor diz que a mulher recebe amor pelo carinho e o homem pelo respeito, e eu vejo isso na prática. Quando somos amorosas, recebemos carinho. Quando cultivamos um ambiente leve, nosso marido quer estar presente, porque aquele lugar se torna agradável. E, ao perceber a fragilidade desse carinho, desse amor, ele deseja proteger.
Às vezes, as louças se tornam nosso refúgio. Mas não adianta cobrar do outro aquilo que ainda não transborda em nós. A abundância não exige, não força, não implora. A abundância escolhe transbordar. E isso transforma tudo ao redor.
Então, mais uma vez: cuide do jardim, e as borboletas virão.

Comments